segunda-feira, 22 de julho de 2013

Castéllon - Valencia: relato de um "longo" regresso

Estação de Ônibus - Castellon 
O "FIBer" pede para a recepção do hotel acordá-lo do cochilo às 9h30 da manhã. Cochilo, não há outra classificação para o repouso de quem apaga às 6h00 e levanta pouco mais de 3 horas depois.

Mas apesar do cansaço, estava com muita disposição, afinal ao levantar às 9h30, eu tinha tempo suficiente de fechar a mochila, encerrar a conta, atravessar a rua e me apresentar na plataforma da estação com 15 minutos de antecedência para o trem das 10h15. Acordei animado para usufruir das comodidades que uma boa estrutura de transporte oferece.

Estação de Trem - Castellon
Dispensei o café da manhã do hotel, só peguei a garrafa de água mineral, contando com uma viagem de aproximadamente 50 minutos até Valência. Quando cheguei à estação fiquei sabendo que o acesso à plataforma só ocorreria 10 minutos antes da chegada do trem, o que foi ocorrer quase às 11h00. Tempo em que fui bebendo calmamente minha água (1,5L) .

O atraso tornou o embarque mais concorrido do que eu imaginava, mas entrei e demorei um pouco para localizar minha poltrona, só que não, não havia marcação, embarquei em outro trem, seguia para o mesmo destino, mas estava em outro veículo.

Como se tratava de uma viagem sem paradas até Valencia, caso algum fiscal viesse cobrar, eu apenas poderia resolver o problema no destino. Foi quando constatei que realmente estava no trem errado, que ao contrário da viagem de ida, o percurso seria cheio de paradas pelo caminho, para não dizer TODAS as paradas!

Os sonhados 50 minutos de percurso transformaram-se em no mínimo 1h15, pelo menos até o momento em que eu consegui atentar, pois cada vez que passava um fiscal, eu olhava para o relógio, tentando prever a frequência de suas rondas e torcendo para não ser abordado.

Quando digo que houve um momento em que parei de acompanhar o tempo, me refiro ao fato de que aquele 1,5 litro d´água  calmamente ingerido durante o atraso do trem, precisava sair. Parada após parada, eu respirava fundo, mexia o pé num ritmo qualquer afim de distrair a bexiga.

Algumas paradas depois, já não consegui mais ficar sentado e fiquei em pé no vagão, comecei uma tímida, mas não menos ridícula e infinitamente angustiada coregrafia: pézinho pra frente, pézinho pra trás, temperada de suor frio.

Nada melhor nessas horas, do que botar foco em algo útil para distrair,como por exemplo a rota entre o trem e o banheiro da estação, que já tinha utilizado dias antes, na ocasião do embarque. Até que finalmente chegamos a Valencia, mas não na mesma estação!

Sair correndo do vagão para exatamente "não sei onde" foi desesperador,  olhando para cima, buscando uma salvadora plaquinha "baños" ou "servicios", WC, ou coisa que o valha. Até que ouvi uma voz feminina "que hermoso estás, tengo que hablar a tu suerte" - era uma espécie de benzedeira com uns raminhos de planta na mão. Eu só pude responder "mi suerte? hoy no esta!". Ela por usa vez, praguejou algo que não era a localização dos banheiros.

Com todo respeito a Santo Expedito, que intercede nas causas urgentes, quem me salvou mesmo foi San Miguel, a cervejaria da estação, onde descobri um lavabo no limiar do sufoco.

Depois do alívio, tranquilizei. Tanto que o tempo parecia correr em camera lenta, calmo para um bom café com tosta, e fotografar a fachada da estação.
A tentação era de sair já caminhando e conhecendo as redondezas, mas antes era necessário ir (de metrô!) até o aeroporto reencontrar a bagagem e aí sim me entregar a Valencia!

ufaaaa....


    

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